Artigo de Opinião de José Figueiredo, Anestesiologista, e Cátia Leitão, Gastrenterologista.
A colonoscopia é um procedimento crucial para a deteção de condições gastrointestinais, permitindo visualizar o intestino grosso e, ocasionalmente, parte do intestino delgado. Para a realização deste exame é introduzido, através do ânus, um aparelho flexível chamado colonoscópio, equipado com uma pequena câmara na extremidade. O exame começa com a pessoa deitada para o lado esquerdo, com os joelhos dobrados sobre o abdómen. Atualmente, é comum que esse exame seja realizado com anestesia, mas há pacientes que optam por fazê-lo sem sedação. A principal diferença entre os dois métodos reside no conforto e na conveniência oferecidos pela anestesia.
A colonoscopia com anestesia é preferida por muitos pacientes devido ao desconforto e/ou dor associados ao exame e ansiedade ou vergonha/ constrangimento do paciente. A inconsciência proporcionada pela sedação, especialmente com o uso do Propofol, fármaco conhecido por providenciar um sono agradável, é considerada benéfica, pois os pacientes não têm memória do exame, resultando numa experiência mais relaxante e positiva. Além disso, para procedimentos mais complexos, como a remoção de pólipos, a anestesia é indicada para garantir o conforto do paciente e a eficácia do tratamento.
É importante reconhecer os riscos e complicações associados à colonoscopia com anestesia, como variações na tensão arterial e frequência cardíaca, exigindo a presença de um anestesiologista durante todo o procedimento e monitorização contínua dos sinais vitais. As opções de sedação disponíveis incluem desde uma sedação leve e consciente até uma sedação profunda, dependendo das necessidades individuais do paciente. Ainda que o fármaco mais utilizado seja o Propofol, sendo muitas vezes administrado como agente sedativo único, podem também ser administrados benzodiazepinas, ketamina e opioides.
No entanto, a colonoscopia sem anestesia ainda é uma opção viável para alguns pacientes, levando em consideração fatores como medos, experiências anteriores e preferências pessoais.
Em pacientes com determinadas doenças graves, o médico poderá propor uma sedação ligeira e consciente ou ausência de sedação. Se houver uma experiência prévia de colonoscopia sem anestesia e com boa tolerância, poderá ser desnecessário o uso de sedação. No exame com anestesia é aconselhado repouso durante 12 a 24 horas, não sendo recomendado que assine documentos importantes ou conduza, para preservar a segurança do próprio e a de outros. Na colonoscopia sem sedação não é necessário acompanhante ou repouso, podendo motivar alguns pacientes para esta opção.
Após o procedimento, o tempo de recuperação pode variar entre os dois métodos. Enquanto na colonoscopia com anestesia o paciente pode permanecer inconsciente durante um curto período, na colonoscopia sem anestesia pode retomar as atividades normais imediatamente após o exame.
Quanto à eficácia na deteção de anormalidades, ambos os métodos são igualmente eficazes, desde que o procedimento seja conduzido adequadamente. A qualidade da colonoscopia é o fator mais importante na deteção de alterações para a saúde, independentemente da presença ou ausência de anestesia.
Em resumo, a escolha entre uma colonoscopia com ou sem anestesia é uma decisão individual, influenciada por diversos fatores. O objetivo principal é garantir que o procedimento seja conduzido com segurança e eficácia, atendendo às necessidades e preferências do paciente.