Em 2016, decorridos praticamente 10 anos de uma iniciativa de caracterização da prática da endoscopia digestiva em Portugal, a SPED levou a cabo um novo inquérito (comparando com o anterior, de 2006), visando a caracterização do parque endoscópico nacional e softwares endoscópicos em utilização.
Foi solicitada a colaboração dos sócios para o preenchimento de um inquérito por unidade de endoscopia, apenas em serviços públicos, através de um formulário online. Obtiveram-se respostas de 20 centros.
O número mediano de gastrenterologistas a praticar endoscopia nas unidades avaliadas é de 5 (1-17). Todas dispõem de endoscopia digestiva alta e colonoscopia, acrescidas de CPRE em 55%, ecoendoscopia em 45% e enteroscopia por videocápsula endoscópica e de duplo balão em 55% e 25% dos casos, respetivamente. Em 90% das unidades a desinfecção é exclusivamente automática e em todas o armazenamento de endoscópios é feito em armários adequados. O número mediano de endoscópios por unidade é de 5 gastroscópios, 6 colonoscópios, 3 duodenoscópios e 2 ecoendoscópios.
O recurso a softwares específicos para a elaboração de relatórios endoscópicos ainda não é universal, estando disponível em 90% dos centros, com variabilidade de marcas comerciais. Na análise dos parâmetros a incluir num relatório, verifica-se que em pelo menos metade dos casos o software não tem um campo específico para incluir a adequação da indicação clínica, a confirmação da obtenção de consentimento informado, a duração do exame, a qualidade da preparação intestinal com recurso a escala validada, classificações estandardizadas para as diferentes patologias e o registo de complicações ocorridas após o procedimento.
Nestes 10 anos o retrato da endoscopia nacional sofreu algumas mudanças. Da comparação com os dados de 2006 destaca-se:
- Aumento do número mediano de endoscopistas (3 vs. 5);
- Número crescente de centros a realizar ecoendoscopia (17% vs. 45%);
- Generalização do recurso à desinfecção automática (7% vs. 90%).
Não tendo sido avaliada no passado, cremos que a informatização dos relatórios endoscópicos também terá sofrido uma evolução significativa, o que representa um passo crucial para a implementação de medidas de avaliação da qualidade. No entanto, esta evolução na informatização dos relatórios endoscópicos ainda está longe de atingir os parâmetros ideais para uma real verificação e demonstração da qualidade inerente à prática da endoscopia digestiva em Portugal. É um dos objetivos da SPED Qualidade colaborar com as empresas fornecedores destes programas no sentido da sua melhoria por forma a auxiliar os gastrenterologistas Portugueses na demonstração da qualidade da sua prática clínica endoscópica.
Unidades avaliadas (N) | 20 |
Nº de endoscopistas (mediana) | 5 (1-17) |
Nº de salas (mediana) | 3 (1-8) |
Técnicas disponibilizadas (N) | |
CPRE | 11 (55%) |
Ecoendoscopia | 9 (45%) |
Enteroscopia por VCE | 11 (55%) |
Enteroscopia de DB | 5 (25%) |
Nº de exames/ano (mediana) | |
EDA | 1700 (100-5690) |
Colonoscopia | 1950 (150-3580) |
CPRE | 217 (19-596) |
Ecoendoscopia | 202 (73-570) |
Enteroscopia por VCE | 70 (5-107) |
Enteroscopia de DB | 16 (12-18) |
Nº de endoscópios (mediana) | |
Gastroscópios | 5 (2-13) |
Com alta resolução | 30/57 (52%) |
Colonoscópios | 6 (2-15) |
Com alta resolução | 37/70 (53%) |
Duodenoscópios | 3 (1-8) |
Ecoendoscópios | 2 (1-4) |
Enteroscópios | 1 (1-2) |
Desinfecção automática (N) | 18 (90%) |
Nº de máquinas de desinfecção (mediana) | 2 (1-4) |